A revolta silenciosa
O Globo, sábado, 23 de junho de 2007
A revolta silenciosa
Gilberto Scofield Jr.
Pequim - Quando se pergunta a um chinês de
conhece alguém que tenha sido afectado pela campanha antidireitista de 1957,
a resposta geralmente é "não sei do que você está falando" (a maioria) ou
"me disseram que eram traidores e ainda bem que eu não conheço ninguém" (uns
poucos).
Em Julho daquele ano, uma campanha intensiva de propaganda foi lançada nos
jornais estatais tachando de direitistas todos os membros do partido,
intelectuais, estudantes e cientistas que criticavam o regime.
Nada menos que 300 mil chineses foram condenados a prisões, campos de
reeducação pelo trabalho, exílio no campo e humilhações que levaram dezenas
ao suicídio.
Mas se este ano, quando a campanha antidireitista completa 50 anos, a
determinação do governo continua sendo o silêncio, um grupo de direitistas
decidiu acertar contas com o passado e exigir uma retratação.
Em março, mais de 60 sobreviventes da campanha assinaram uma carta aberta,
enviada ao PCC, ao Congresso Nacional do Povo (CNP) e ao Conselho de Estado
da China, o órgão com poderes executivos, em que pedem às autoridades que
reconheçam os abusos, acabem com a censura ao tema na mídia e nas escolas e
garantam compensações morais e financeiras às vítimas ou às suas famílias.
As vítimas são muitas, gente que sofreu na campanha antidireitista, na
Revolução Cultural, no massacre da Praça da Paz Celestial e até no Grande
Salto Adiante.
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