Morte de 288 crianças foi escondida pelo governo
O Estado de S. Paulo, terça-feira, 8 de Maio de 2007
Morte de 288 crianças foi escondida pelo governo
Michael Sheridan, The Sunday Times
Quando as primeiras chamas surgiram no palco do teatro, muitas crianças
pensaram que era parte do espectáculo. Mas minutos depois 288 delas estavam
mortas, uma tragédia que tem assombrado seus pais por mais de uma década,
mas foi esquecida por muitos em meio à prosperidade na China.
No entanto, as mortes dessas crianças têm sido lembradas graças a um grupo
que expôs a vergonhosa verdade na Internet: as crianças morreram, pois
receberam ordens para permanecer em seus assentos para que os funcionários
do Partido Comunista saíssem primeiro.
O facto foi mantido em segredo por mais de 12 anos até Chen Yawen, um
repórter da TV Central da China, colocar em seu site um documentário que ele
fez sobre a tragédia e os censores haviam proibido.
Em 8 de Dezembro de 1994, 500 crianças foram levadas a um teatro de Karamay,
uma cidade produtora de petróleo na Província de Xinjiang (noroeste da
China). Segundo sobreviventes, aparentemente um reflector sofreu um
curto-circuito, provocando as chamas. Os sobreviventes disseram que uma
mulher gritou: "Todos fiquem quietos. Deixem os líderes saírem primeiro."
Mas quando os líderes saíram, era tarde demais. Os professores levaram seus
alunos para outras saídas, mas elas estavam fechadas. Após o incêndio, foram
retirados os corpos de 288 crianças e 36 adultos - a maioria professores que
morreram com seus alunos.
Uma investigação secreta foi realizada. Catorze pessoas foram condenadas por
negligência a penas de até 5 anos de prisão. Todos foram libertados dois ou
três anos depois. Muitos sobreviventes vivem até hoje estigmatizados pelas
cicatrizes da tragédia.
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