O calcanhar de Aquiles dos preservativos
O calcanhar de Aquiles dos preservativos
Castidade e fidelidade provando ser mais efectivas
Por Pe. John Flynn
ROMA, domingo, 25 de Março de 2007 (ZENIT.org).
Católica é atacada por sua oposição ao uso de preservativos.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, recentemente acusou a
Igreja de hipocrisia no que se refere aos preservativos em um evento
organizado pelo ministério da saúde do país, conforme foi reportado pela
Reuters em 12 de Março.
A agência também trouxe a resposta do Cardeal Eugénio de Araújo Sales,
arcebispo emérito do Rio de Janeiro, na qual criticou o programa de
distribuição de preservativos do governo em um artigo de jornal. A política
de distribuição massiva de preservativos, ele escreveu, promove a cultura da
promiscuidade sexual.
Uma nota publicada pela comissão episcopal brasileira Família e Vida também
rejeitou as acusações de Lula. A comissão insistiu na necessidade de educar
os adolescentes em bons princípios morais.
Governos em muitos países aumentaram o favorecimento da distribuição em
larga escala de preservativos na tentativa de reduzir o número de gestações
na adolescência e a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis.
Ainda neste ano, na Escócia, camisinhas eram distribuídas a crianças de 13
anos, como reportou o Edinburgh's Evening News em 16 de Janeiro.
O jornal noticiou que os dados obtidos por força do Acto de Liberdade de
Informação revelaram que em 2005 um total de 53,638 preservativos foram
dados gratuitamente a crianças de
vizinhas.
Simon Dames, um porta-voz da Igreja Católica na Escócia, comentou em um
programa, demonstrando a inconsistência da política governamental que proíbe
o fumo para menores de 18 anos, mas promove a actividade sexual distribuindo
preservativos àqueles que ainda estão abaixo da idade legal de
consentimento - 16 - para relações sexuais.
Nos Estados Unidos, uma declaração conjunta do cardeal Edward Egan, de Nova
York, e de Dom Nicholas Di Marzio, bispo do Brooklin, criticou o governo
municipal por distribuir preservativos gratuitos no Dia dos Namorados, como
reportou a Associated Press em 16 de Fevereiro.
A declaração dos bispo diz que a única maneira de proteger-se de doenças
sexualmente transmissíveis é através da abstinência antes do casamento e da
fidelidade após.
Autoridades sanitárias de Washington, D.C., também distribuíram 250.000
preservativos nas semanas que precederam o Dia dos Namorados, como mostrou o
Washington Post em 16 de Fevereiro.
Posição reivindicada pela Igreja
De acordo com o Cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Pontifício
Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, a abstinência antes do
casamento, como também a fidelidade entre os esposos, são muito mais
efectivos para prevenir o contágio pela AIDS. O cardeal fez essas afirmações
em uma conferência sobre a AIDS em Roma, noticiada pela Associated Press em
20 de Dezembro.
Um crescente número de evidências sustenta as alegações do cardeal. Em 2 de
Março o Washington Post publicou um grande artigo examinando a experiência
de Botswana em lidar com a AIDS.
O jornal revelou que alguns estudos apontaram a prática de relações sexuais
com múltiplos parceiros «como a força mais poderosa impulsionando uma doença
assassina através de um continente vulnerável».
O Washington Post citou uma reportagem de Julho de especialistas e
responsáveis pelo estudo da AIDS na África que coloca o «reduzir múltiplas e
concorrentes parcerias» como a prioridade para prevenir a proliferação do
HIV. A região conta com 38% das infecções totais de HIV no mundo.
O artigo descreveu como Botswana seguiu por muitos anos a política
recomendada por especialistas internacionais de promover o uso do
preservativo e a distribuição de drogas anti-retrovirais. Tudo inútil. A
taxa de contágio do HIV no país está entre as que mais crescem no mundo. Em
torno de 25% da população está actualmente infectada.
Campanhas pela fidelidade nunca foram seriamente promovidas em Botswana,
observou o Washington Post, mas preservativos sim. Uma campanha de 13,5
milhões de dólares para a promoção dos preservativos foi lançada no país,
graças ao suporte financeiro da Bill & Melinda Gates Foundation e a empresa
farmacêutica Merck. A quantia gasta em promover os preservativos foi 25
vezes mais que a quantia gasta em programas de abstinência.
«Altas taxas de uso de preservativo não baixaram as altas taxas de HIV», o
artigo concluiu. «Entretanto, elas crescem juntas, até que ambas sejam
juntas mas mais altas na África».
Mudança de comportamento
A importância em modificar os modos das pessoas, ao invés de programas
baseados em distribuição de preservativos, está cada vez mais sendo
reconhecida por especialistas médicos.
Em 11 de Março de 2006, o British Medical Journal publicou um artigo
intitulado «Risk Compensation: The Achilles' heel of Innovations in HIV
Prevention?».
Escrito por um time liderado por Michael Cassell, o artigo observou que
enquanto medicamentos e outras medidas ajudam a reduzir a proliferação do
HIV, eles também inibem a mudança para comportamentos mais seguros por
diminuir a percepção das pessoas dos riscos.
Campanhas de promoção de preservativos, combinadas com a redução da
percepção de risco, «podem contribuir para aumentar o uso inconsistente, com
efeito mínimos de protecção, como também para uma possível negligência dos
riscos de ter múltiplos parceiros sexuais», comenta o artigo.
Os autores também notaram que estudos nos países ocidentais mostraram que a
promessa de aumentar o acesso a tratamentos anti-retrovirais «vem associado
com um significante aumento no comportamento de risco».
Antes dessa confirmação da necessidade de mudança no comportamento sexual,
veio de um estudo realizado na população rural do Zimbábue entre 1998 e
2003. Em um artigo intitulado «Understanding HIV Epidemic Trends in África»,
publicado em 3 de Fevereiro de 2006, na revista Science, reportou as
descobertas do estudo.
Os autores, Richard Hayes e Helen Weiss escreveram que a redução na
prevalência do HIV foi alcançada graças a mudanças no comportamento sexual.
As mudanças envolviam atrasar o início da actividade sexual nos adolescentes
e a redução no número de parceiros sexuais casuais.
Um tema relacionado no debate é a questão de promover a abstinência. As
consequências negativas do início da actividade sexual na adolescência foram
sublinhadas em um artigo publicado em Fevereiro no Journal of Youth and
Adolescence.
O artigo, «Adolescent Sexual Debut and Later Delinquency», escrito por Stacy
Armour e Dana Haynie, observou que a questão dos péssimos efeitos
resultantes do sexo fora do casamento é um ponto controverso no debate sobre
se promover a abstinência. Até agora, entretanto, houve poucas pesquisas
sobre o tema.
Armour e Hayne usaram dados do National Longitudinal Survey of Adolescent
Health para examinar conexões entre a idade da iniciação sexual e
subsequentes problemas de delinquência. O estudo cobriu mais de 12.000
estudantes e as descobertas foram controladas por variáveis como idade, raça
e estrutura familiar.
Entre as conclusões do estudo percebeu-se que a prematura iniciação da
actividade sexual aumenta o risco de delinquência. Igualmente, atrasar a
actividade sexual o mais tarde possível «oferece efeito de protecção e reduz
os riscos de terminar em subsequente delinquência». Os correspondentes
efeitos negativos e positivos vão desde a adolescência e persistem até a
idade adulta.
Uma solução sustentável
A importância de uma solução baseada em uma completa visão da pessoa humana
foi o tema de uma mensagem publicada pelos bispos africanos para o último
Dia Mundial de Combate à Aids, em 1 de Dezembro.
O documento foi publicado pelo Catholic Information Service for África em 21
de Novembro, e assinado pelo Arcebispo John Onaiyekan de Abuja, Nigéria,
presidente do Simpósio de Conferências Episcopais da África e Madagáscar.
«Nós, bispos católicos da África encorajamos todos a considerar as causas
profundas da pandemia», declarava o documento. O problema não é só médico ou
técnico, mas envolve profundas questões morais. Junto ao comprometimento da
Igreja em prover cuidado médico para todos os que estão doentes, o documento
apontou a necessidade de pregar a mensagem do Evangelho.
«Como a missão da Igreja é levar a pessoa completa a todas as dimensões da
vida, nós sentimos a especial responsabilidade de revitalizar os fortes
valores morais em nossas sociedades», dizia o documento. «Isto é o que
levará a uma verdadeira, sustentável solução para a AIDS na África».
Um argumento que infelizmente continua a ser ignorado por muitos governos e
organizações.
ZP07032519
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