Acção Família - Campanha anti-aborto
«Fiéis católicos portugueses têm dever de consciência de ir votar NÃO»
Entrevista a José Carlos Sepúlveda da Fonseca, um dos inspiradores da associação Acção Família
LISBOA, quarta-feira, 7 de Fevereiro de 2007 (ZENIT.org).
Um dos inspiradores da associação Acção Família e actualmente Director de Campanha da mesma (www.accaofamilia.
--Quais são as argumentações que levaram ao referendo sobre o aborto em Portugal?
--José Carlos Sepúlveda da Fonseca: O Partido Socialista, com maioria absoluta no Parlamento, tinha como seu programa de governo a chamada despenalização do aborto. Entretanto, ao elaborar a pergunta para o referendo, formulou-a de tal modo que se a resposta SIM for vitoriosa o que, na prática, estará aprovado em Portugal é o aborto totalmente livre até às dez semanas, por única e exclusiva opção da mulher, em estabelecimentos hospitalares e médicos estatais ou credenciados por este e financiados pelo Sistema Nacional de Saúde. O governo e os demais adeptos do SIM alegam que a "chaga social" do aborto clandestino - sobre a qual apresentam dados díspares e não fundamentados - impõe a aprovação de tal regime de aborto livre, para a solução de um problema de saúde pública. Além disso, argumentam que a lei ao penalizar o aborto, "humilha" as mulheres e que a decisão de abortar é uma questão de "foro íntimo". Por fim, dizem ainda que Portugal é "retrógrado" na sua legislação ao não se alinhar com os dispositivos legais da prática do aborto, mais ou menos livre, de quase toda a Europa.
--Como e com quais temas a Associação que o Senhor dirige se opõe ao aborto?
--José Carlos Sepúlveda da Fonseca: Os inúmeros movimentos que lutam contra a liberalização do aborto em Portugal têm apresentado excelentes argumentações éticas, jurídicas e científicas pelas quais demonstram ser uma aberração a liberalização do aborto, a qual deixa totalmente desprotegida, do ponto de vista legal, a vida dos nascituros. Vida esta que as mais modernas descobertas e técnicas médicas e científicas atestam como inequívoca no embrião. Sendo Portugal um País maioritariamente católico, a Associação que dirijo (Acção Família) achou que era o caso de somar ao esforço destes inúmeros organismos e movimentos anti-aborto uma outra linha de actuação: lembrar aos fiéis católicos o dever de consciência que lhes cabe de, uma vez convocado o referendo, não se absterem e irem votar NÃO. Foi nesse intuito que distribuímos 2 milhões e 700 mil folhetos em Portugal Continental e nas Ilhas dos Açores e Madeira. Enquanto leigos católicos relembrávamos brevemente a doutrina da Igreja a respeito do tema do aborto. Coincidindo o referendo com o 90º aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, convidávamos também os católicos a constituírem uma corrente de orações para que Nossa Senhora preservasse Portugal desta calamidade, convidando-os a rezar o terço.
--Quais são as forças: quem é favorável ao aborto e quem se opõe?
--José Carlos Sepúlveda da Fonseca: As forças que apoiam a liberalização do aborto são inequivocamente as forças políticas de esquerda: o Partido Socialista em bloco (com uma ou outra rara excepção); o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda. Além disso certos movimentos da sociedade civil, mais ou menos próximos a estes quadrantes políticos.
Ao aborto opõem-se uma grande quantidade de movimentos da sociedade civil (os chamados movimentos cívicos, entre os quais se destaca a Plataforma Não obrigada), originários das mais diversas regiões do território nacional. Estes movimentos têm denotado uma grande vitalidade e uma enorme capacidade de mobilização, a qual se traduziu pela realização de uma grande Caminhada pela Vida, em Lisboa. A estes movimentos estão ligados reputados nomes de diversas áreas profissionais, como juristas, médicos, cientistas, economistas, professores universitários, sociólogos, jornalistas, etc. Por sua vez, no campo político, opôs-se de forma clara e inequívoca à liberalização do aborto, o CDS-PP, de inspiração democrata-cristã
No campo católico diversos Bispos e sacerdotes fizeram ouvir sua voz, com destaque para o Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal portuguesa, D. Jorge Urtiga, para o Bispo da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício e para o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto. Entre o laicato católico, diversos grupos empenharam-se activamente na luta contra a liberalização do aborto, tendo-se destacado, como observou um cientista político, a actuação de Acção Família.
--O que é que podem fazer as associações pró-vida e as muitas organizações católicas italianas e europeias para vos apoiar nesta campanha?
--José Carlos Sepúlveda da Fonseca: Creio que a primeira contribuição das organizações católicas e das associações pró-vida é dar a conhecer no estrangeiro a duplicidade com que o governo do Partido Socialista, liderado por José Sócrates, juntamente com o Partido Comunista Português, com o extremista Bloco de Esquerda e os movimentos pró-aborto têm actuado e tentado confundir os indecisos em Portugal, escondendo de todos os modos suas verdadeiras intenções, e escamoteando o que verdadeiramente está em causa neste referendo: a implantação do aborto livre até às dez semanas. De tal maneira têm sido graves e de monta os escamoteamentos feitos pelos defensores da liberalização do aborto, que nestes dias um artigo de opinião no jornal Público falava da ilegitimidade democrática de uma eventual vitória do SIM.
Além disso, é certo que as associações pró-vida e organizações católicas italianas e do resto do mundo poderão dar um enorme contributo, engrossando a enorme de corrente de orações que se está a espalhar em Portugal e por diversos países, rogando a Nossa Senhora de Fátima que preserve Portugal do mal do aborto.
[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]
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